Pequeno Guia da "tralha-sonora" ambiente (ByAna)
Já vi que eu gosto mesmo é de observar certas coisas cruéis da vida... Esperando desolada na fila do mercado, começou a bater um desespero com a música ambiente que rolava no recinto. Eu queria conhecer a pessoa responsável pela seleção dessas músicas. Essa pessoa deve ser um emissário dos infernos, o DJ dos mercados!
Estava fazendo compras e ouvindo todo o repertório do bang-bang à italiana! O ápice da angústia auditiva se concentrou em duas melodias: a do filme O Dólar Furado (Giuliano Gemma, 1965 ) e O Bom, o Mal e o Feio (Clint Eastwood, 1966). Eu merecia? Segundo um amigo nosso, que trabalha em conhecido mercado de rede, as músicas são as mesmas em todos os horários e em todos os mercados do Brasil, simultaneamente. Incrível! Uma habilidade única de atingir um grande público alvo, com as mesmas músicas do capeta! Será que a idéia básica é “enfraquecer” os consumidores? Não só eu quem sofro!
Na hora que esse meu amigo está arrumando as prateleiras em certo horário determinado, ele ouve: “Gosto tanto de te ver, leãozinho!”... Aliás, eu mesma tenho experiência nesse assunto. Trabalhei por cinco anos em um grande e famoso hotel e era o mesmo esquema. Meio-dia chegando e Charles Aznavour começava a bradar “à Paris”! Eu já corria automaticamente para o refeitório e aproveitava o silêncio dos arrotos! Delícia!
Tem música de todas as espécies em clínicas, elevadores, mercados, restaurantes, táxis, vans de lotação (as piores!.. imbatíveis!!!)... É por isso que tem gente que vive sem comer, mas não vive sem o i-pod. Porque se deixar, as músicas “i-podem” tudo!
Acompanhe o guia:
Dentista: Música new age...tem uns barulhinhos de pássaros, cachoeira, vento...tudo pra causar um falso conforto e desviar do som da broca!
Clínicas em geral: Instrumental, estilo Kenny G...você já tá cansado de esperar a consulta e fica mais ainda ao imaginar o quanto aquele povo sopra, sopra e sopra naqueles saxofones...falta até o ar!
Vans de lotação: Tá aí uma habilidade. A seleção da música é inversamente proporcional ao seu gosto! O reggae e o funk pesados fazem até com que você deseje morrer na estrada.
Elevador: Menos mal porque a viagem é curta e você aproveita pra ouvir coisas que jamais ouviria...quem sabe, né? Vai que você redescobre a música da Lagoa Azul...
Mercado: Um viveiro, uma verdadeira colônia, quiçá um laboratório sonoro infernal! Ali prolifera de tudo, até seleções surpreendentes, como as músicas de bang-bang.
Táxi: Samba light e bossa nova, mas você tem a opção de pedir para desligar. Ufa! Faz com que valha a pena pagar quase R$3,00 só pra sentar no táxi!
Restaurante: Depende do tipo da comida. Eu já fico tensa quando tenho de ir a algum restaurante com som ao vivo. Quando não tem jeito de escapar ao convite e você se depara com uma criatura cantando “Tarde em Itapuã”, o jeito é comer sobremesa várias vezes pra aliviar...
Carros com som alto: Não se engane. Nem sempre o carro que tem potência de som, indica qualidade sonora. O método de seleção musical de seus proprietários segue quase o mesmo padrão das vans, com a diferença de que abrange vários quarteirões! Quanto mais longe do “epicentro” sonoro, seu corpo reagirá melhor ao impacto fulminante.
14 de Fevereiro de 2008
Postado por
Sérgio R. Bilck
às
06:29
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2 comentários:
adorei o blog,isso é mto legal,ameeeeeeim,vou passar mais vezes
beijos
tchau
Fantástico.
Essa de ouvir "Tarde em Itapoã" matou a cobra, o pau, deu diarréia...
Hilariante. (e ainda pode-se usar como metáfora para Andança, Saudosa Maloca, Cotidiano, e, dependemdo do local, Menino da Porteira, Chico Mineiro...)
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