14 de Fevereiro de 2008

Pequeno Guia da "tralha-sonora" ambiente (ByAna)

Já vi que eu gosto mesmo é de observar certas coisas cruéis da vida... Esperando desolada na fila do mercado, começou a bater um desespero com a música ambiente que rolava no recinto. Eu queria conhecer a pessoa responsável pela seleção dessas músicas. Essa pessoa deve ser um emissário dos infernos, o DJ dos mercados!

Estava fazendo compras e ouvindo todo o repertório do bang-bang à italiana! O ápice da angústia auditiva se concentrou em duas melodias: a do filme O Dólar Furado (Giuliano Gemma, 1965 ) e O Bom, o Mal e o Feio (Clint Eastwood, 1966). Eu merecia? Segundo um amigo nosso, que trabalha em conhecido mercado de rede, as músicas são as mesmas em todos os horários e em todos os mercados do Brasil, simultaneamente. Incrível! Uma habilidade única de atingir um grande público alvo, com as mesmas músicas do capeta! Será que a idéia básica é “enfraquecer” os consumidores? Não só eu quem sofro!

Na hora que esse meu amigo está arrumando as prateleiras em certo horário determinado, ele ouve:
“Gosto tanto de te ver, leãozinho!”... Aliás, eu mesma tenho experiência nesse assunto. Trabalhei por cinco anos em um grande e famoso hotel e era o mesmo esquema. Meio-dia chegando e Charles Aznavour começava a bradar “à Paris”! Eu já corria automaticamente para o refeitório e aproveitava o silêncio dos arrotos! Delícia!

Tem música de todas as espécies em clínicas, elevadores, mercados, restaurantes, táxis, vans de lotação (as piores!.. imbatíveis!!!)... É por isso que tem gente que vive sem comer, mas não vive sem o i-pod. Porque se deixar, as músicas “i-podem” tudo!

Acompanhe o guia:

Dentista: Música new age...tem uns barulhinhos de pássaros, cachoeira, vento...tudo pra causar um falso conforto e desviar
do som da broca!

Clínicas em geral: Instrumental, estilo Kenny G...você já tá cansado de esperar a consulta e fica mais ainda ao imaginar o quanto aquele povo sopra, sopra e sopra naqueles saxofones...falta até o ar!

Vans de lotação: Tá aí uma habilidade. A seleção da música é inversamente proporcional ao seu gosto! O reggae e o funk pesados fazem até com que você deseje morrer na estrada.

Elevador: Menos mal porque a viagem é curta e você aproveita pra ouvir coisas que jamais ouviria...quem sabe, né? Vai que
você redescobre a música da Lagoa Azul...

Mercado: Um viveiro, uma verdadeira colônia, quiçá um laboratório sonoro infernal! Ali prolifera de tudo, até seleções surpreendentes, como as músicas de bang-bang.

Táxi: Samba light e bossa nova, mas você tem a opção de pedir para desligar. Ufa! Faz com que valha a pena pagar quase R$3,00 só pra sentar no táxi!

Restaurante: Depende do tipo da comida. Eu já fico tensa quando tenho de ir a algum restaurante com som ao vivo. Quando não tem jeito de escapar ao convite e você se depara com uma criatura cantando “Tarde em Itapuã”, o jeito é comer sobremesa várias vezes pra aliviar...

Carros com som alto: Não se engane. Nem sempre o carro que tem potência de som, indica qualidade sonora. O método de seleção musical de seus proprietários segue quase o mesmo padrão das vans, com a diferença de que abrange vários quarteirões! Quanto mais longe do “epicentro” sonoro, seu corpo reagirá melhor ao impacto fulminante.

2 comentários:

Anônimo disse...

adorei o blog,isso é mto legal,ameeeeeeim,vou passar mais vezes

beijos


tchau

Anônimo disse...

Fantástico.

Essa de ouvir "Tarde em Itapoã" matou a cobra, o pau, deu diarréia...

Hilariante. (e ainda pode-se usar como metáfora para Andança, Saudosa Maloca, Cotidiano, e, dependemdo do local, Menino da Porteira, Chico Mineiro...)